Prezados solicitamos
Um momento de atenção
Vimos registrar em cordel
A saga de um cidadão
Que vive o tempo a montar
Em animal a pular
Que é chamado de peão.
Que monta boi ou cavalo,
Que não foge a um rodeio,
Que desafia a vida
E faz dessa arte um meio,
Seu prazer e seu sustento
Inda diz aos quatro ventos
Que de esperança está cheio.
Os maiores obstáculos
Que o peão tem que vencer
São o animal e o medo,
Por isso precisa ter
A coragem pra montar
E a vontade de ganhar
Pro respeito obter.
1
Diante de uma platéia
Ansiosa e vibrante,
Busca a concentração,
Seguirá bem confiante,
Fazendo o sinal da cruz,
Pede a Deus a sua luz
Durante alguns instantes.
Nos longos 8 segundos
Pra cumprir o regulamento
Montando o animal,
O seu maior pensamento
E o desejo é não cair
Ou pelo menos sair
Da arena sem ferimento.
Enfrenta o boi ou o cavalo
Com a coragem de um vaqueiro
Sonha na competição
Dentre todos, ser o primeiro,
Ter o reconhecimento,
O aplauso por um momento,
Ser um peão verdadeiro.
2
Fica emocionado
Quando ouve o narrador
Gritar: – “Segura peão”,
Ele esquece até da dor
Que por ventura sentir
E sonha adquirir
O prêmio de vencedor.
Sua música é o aboio,
É a canção sertaneja,
É a moda de viola,
É a sanfona que solfeja,
É o baião, é a catira,
É a cantiga caipira,
É o cantador que verseja.
Muitos conselhos recebe
Para o rodeio deixar:
– “Largue logo essa vida
Para não se machucar,
Pisoteado morrer,
Isso é o que mais se vê
E o que se ouve falar”.
3
Mas o peão sonhador
Quer mais longe alcançar,
Segue em frente com firmeza
Busca não se preocupar,
Nele não se vê tristeza
Porque tem uma certeza
De o touro dominar.
Quase sempre sofre um tombo,
Se o cavalo é saltador,
Quando o touro é ligeiro,
Valente e pulador.
E ao ser jogado ao chão
A areia é proteção
Para aliviar a dor.
Os peões dentro da arena
Dão a proteção também
Caso o peão montador
Após cair fique sem
Condições pra levantar,
Eles correm pra ajudar
Para lhe fazer um bem.
4
Se caso não for possível
Conter a fúria do touro
Ou o peão ficar enganchado
Na corda ou até no couro
Que envolvem o animal,
O momento é crucial,
É instante que vale ouro.
Ou melhor, vale uma vida,
Por isso é importante
A ação do outro peão
Com papel de ajudante
Para livrar o parceiro
Do animal traiçoeiro
No precioso instante.
Livrar do touro enfezado
A dar coices, dar chifradas
E pulos de bem 1 metro,
De poderosa marrada
Que se alguém for pesar
É capaz de mensurar
A cima de tonelada.
5
É uma vida arriscada
A de peão de rodeio,
O prêmio é valoroso,
Contudo, melhor eu creio,
É sair bem do cercado,
É poder contar o passado
Mesmo se o prêmio não veio.
Pois de nada valerá
Ganhar um monte de dinheiro,
Carro, moto ou fazenda,
Ser na disputa o primeiro,
Se o peão for atingido
Por forte touro bandido
Num golpe fatal, certeiro
Que o impeça de montar,
Que o impeça de seguir
Sonhando em conquistar
O rodeio que existir
Mesmo tendo que passar
Cancelas, ranchos ou o mar,
Ele não vai desistir.
6
E irá sempre cumprir
O antigo ritual:
Escolhe a melhor camisa,
A espora ideal,
A luva, a calça comprida
E jamais será esquecida
A bota especial.
Visando domar a fera
Naqueles poucos segundos,
Pondo sua vida em risco
Como o faz o moribundo.
Se perder não é lembrado,
Mas vencendo é contemplado,
Pode ser único no mundo.
Na tradição de Barretos
Ou nos Estados Unidos
O herói da montaria
Acha na arena sentido
Pra sua vida levar,
O meio pra se expressar,
Ter salário garantido.
7
Rodeio é meio de vida
E hoje é esporte também;
É cultura do interior,
À economia: um bem,
Pois gera emprego, é lazer,
Alegria a todo o ser
Que passa, fica ou vem.
E quando abrem a porteira
Pro peão entrar em cena,
Ele pensa no romance
Que existe ou se encena,
Oferece a montaria
A quem lhe dá alegria
Antes d’entrar na arena.
E saúda os salva-vidas,
Pode deles precisar,
Arranca sobre o touro
Sedento para alcançar
A fama, o aplauso, o prazer
E a glória de poder
Num outro animal montar.
8
FIM
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