sábado, 1 de outubro de 2011

INTERNET: QUANDO O ROBBY SE TORNA VÍCIO


 Passar mais horas em frente do computador do que com familiares e amigos, cancelar ida em festas para ficar conectado, preferir o perfil virtual à vida real. Conseguiu se identificar ou reconhecer em algum conhecido essas ações? Atenção! A internet pode ter deixado de ser hobby e se tornado uma dependência psicológica que merece cuidado e ajuda de profissionais de saúde.
Coordenador do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso do Hospital das Clínicas, o psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu afirma que o diagnóstico nem sempre é fácil, uma vez que se convive com uma geração digital – formada por jovens que nasceram depois dos anos 1990, com a possibilidade de conexão digital imediata por meio de diversas tecnologias. “O divisor de águas é quando a conexão deixa de ser algo lúdico do cotidiano e passa a ser preferência em relação à vida real”, afirmou.
Para o coordenador, os critérios de identificação da dependência de internet vão desde a tentativa de continuar a aumentar o tempo gasto na rede, ao prejuízo à vida acadêmica, familiar, laboral e social, além da presença de depressão.
A psiquiatra Bruna Kaup destaca também o excesso de tempo conectado e a irritabilidade e/ou depressão ao ficar longe da internet. “O dependente deixa de se relacionar com as pessoas para ficar conectado e mente para os outros quando questionado sobre o tempo que passa em frente do computador”, comentou.
Impulso atinge todas as idades
O coordenador do ambulatório do HC, Cristiano Nabuco de Abreu, afirmou que, ao contrário do que se pode imaginar, adolescentes e universitários não são o único grupo de risco, assim como a internet, o transtorno também é democrático e tem atingido todas as idades e classes sociais. De acordo com Abreu, um ‘tripé’ facilita o vício: a facilidade de custeio, o acesso 24h por dia nos sete dias da semana e a possibilidade de anonimato. “A internet dá a possibilidade de se experimentar uma realidade que o usuário não consegue na vida real. Ela abre um novo universo, que pode ser manejado. Controlar o mundo é muito atraente, principalmente quando se tem deficiência de autoestima, depressão ou fobia social”, disse.
Fobia social
Para a psiquiatra Bruna Kaup, entretanto, a dependência de internet é mais comum a pessoas com fobia social, depressão, ansiedade e bipolaridade. “Esse público procura a internet como alternativa à comunicação, assim como procura os games como forma de extravasar.” 
“Deixava de sair e dormia somente duas horas. Era uma loucura.”
A corretora de seguros Vanessa Prado, de 36 anos, afirma ter sido uma dependente de internet e relata como era sua rotina. “Não tinha hora para entrar ou sair da internet. Deixava de sair de casa para poder ficar no computador, deixei de fazer coisas reais e deixei os amigos de lado. Dormia somente por duas ou três horas. Era uma loucura.”
Vanessa conta que seus pais sempre falavam que ela estava ficando dependente da internet, mas nunca se importou com os comentários. Tinha turmas de amigos e namorados virtuais, chegando a ir para Portugal para conhecer um deles. “Coisa que hoje em dia não faria”, disse.
Somente depois do choque de conhecer ‘Lobinho’ em uma sala de bate-papo, namorar virtualmente por oito meses e, por fim, descobrir que na verdade o rapaz de olhos azuis da internet por quem estava apaixonada, e de quem tinha recebido uma aliança de compromisso, era uma garota, Vanessa afirma que “parou com isso e virou uma pessoa normal”.
“Não entrei mais em salas de bate-papo, não fiz mais amizades pela internet. A gente aprende com os erros.”

Fonte: Jornal Metrô News São Paulo

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