DENISE MENCHEN
DO RIO
Organizada para obter avanços em direção ao desenvolvimento sustentável,
a Rio+20 traz em si uma amostra do desafio que os países têm pela
frente.
DO RIO
Apesar das iniciativas para tornar a conferência da ONU mais
sustentável, os impactos ambientais serão grandes --e o fato de o comitê
organizador ainda não ter divulgado uma estimativa deles preocupa
especialistas.
"Uma conferência como essa tem milhões de impactos, a começar pelas
emissões [de gases-estufa], passando pela questão da mobilidade urbana,
do uso de energia e da água", diz Marco Fujihara, diretor do Instituto
Totum, que presta consultoria na área. "Isso já deveria estar
quantificado."
Para Fujihara, a divulgação dessas informações mostraria aos governos
que há um "vácuo" na adoção de ações rumo a uma economia de baixo
carbono. Na avaliação dele, porém, não há interesse em fazer essa conta
"porque vai ficar ruim para os governos, principalmente o brasileiro".
O comitê nacional de organização da Rio+20, no entanto, diz que fará o
cálculo da chamada "pegada de carbono" --a quantidade de gases-estufa
que o evento vai emitir. Segundo o órgão, técnicos trabalham na
definição do método a ser usado.
O comitê afirma ainda que está adotando medidas para tornar o encontro
mais sustentável. As providências vão desde o uso de veículos com
biocombustível até a inclusão de critérios de sustentabilidade nas
licitações.
O Riocentro, sede da conferência, também investe na melhoria da sua
estrutura. As 6.408 lâmpadas estão sendo substituídas pela tecnologia
LED, que consome menos energia. A troca, porém, só será concluída em
2013.
O telhado de amianto, que na Eco-92 deixou ambientalistas chocados --a
substância é proibida em dezenas de países porque a inalação de suas
fibras traz risco de câncer--, foi substituído em 2006.
CRÉDITOS DE CARBONO
O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, anunciou a entrada em
operação da BVRio (Bolsa Verde do Rio). Segundo ele, empresas que
participarão da Rio+20 já mostraram interesse em comprar créditos de
carbono para compensar suas atividades. Com isso, vão gerar recursos
para projetos de redução das emissões.
Ex-diretor do Serviço Florestal Brasileiro, Tasso Azevedo diz que as
viagens aéreas dos participantes devem responder pela maioria das
emissões de gases-estufa no evento. Segundo ele, uma viagem de ida entre
Europa e Brasil emite uma tonelada de CO2 equivalente (unidade de
medida desses gases).
Essa é a quantidade máxima que, em 2050, cada um dos estimados 9 bilhões
de habitantes deverá emitir em um ano inteiro para evitar que o
aquecimento da Terra se agrave. Hoje, segundo Azevedo, a emissão per
capita é de 7 toneladas de CO2.
"Transformar essa realidade vai exigir formas novas de fazer as coisas",
diz, citando até o uso de hologramas (como o do rapper Tupac Shakur,
morto em 1996, usado para fazer um "show" neste mês nos EUA) para
substituir deslocamentos. Iniciativas como essa, diz Azevedo, podem
contribuir para que conferências sobre sustentabilidade sejam de fato
sustentáveis.
Fonte: Uol
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